domingo, 8 de janeiro de 2012

A Corrida da Chuva


São Pedro estava a postos para a largada. Ele se sentia o máximo com o capacete preto, os óculos escuros e a bandeira na mão. Os competidores estavam ansiosos para o início da corrida. Ao primeiro movimento de braço do santo do tempo, as gotas partiram das nuvens rumo ao solo da Terra na maior velocidade possível. São Pedro sorriu um riso agradável, a prova tinha tudo para ser das melhores de todos os tempos.

Um pingo estava especialmente confiante. A Corrida da Chuva era coisa séria e ele havia se preparado e estudado seus concorrentes e as técnicas dos vencedores das outras edições da competição. Em princípio, uma grande quantidade de gotas dividia a linha de frente da enorme tempestade que se iniciaria.

O pingo acreditava que era o dia dele. Dava rápidas olhadas para os concorrentes e imprimia todo seu micropeso na parte da frente do corpo, que alcançaria o chão primeiro. Ele acreditava que concentração é a palavra-chave para vencer uma disputa de velocidade individual.

O solo se aproximava e o pingo forçou o máximo que conseguiu e, pouco a pouco, se distanciou alguns milímetros das outras gotas. Era o seu dia de vitória como atleta profissional. Deu um grito vazio e molhado, prestes a tocar o chão e ser aclamado o campeão da Corrida da Chuva. Um instante depois, o pingo explodiu num barranco antes de todo mundo e foi transformado em minúsculas gotículas. Em seguida, os outros pingos atingiram a superfície da Terra e, juntos, formaram uma enorme massa de água.

Aí não teve mais graça, porque o barranco cedeu e levou dor e tristeza a muita gente. Mas não era essa a intenção dos pingos, coitados. Agora eles torcem para que a chuva seja um sinal de esperança de que a situação será vencida e de que tempos melhores estão por vir.